quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Livro lembra confrontos entre 'Veja' e a ditadura militar

7 DE DEZEMBRO DE 2008 - 14h21

A revista Veja, desde sua criação em 1968 até hoje, é uma publicação polêmica. Aposta e menina dos olhos da editora Abril, a revista era um projeto ambicioso e sem precedentes no Brasil — um semanário nos moldes das americanas Times e Newsweek. Ainda estava tentando acertar o tom de suas reportagens e textos, quando a ditadura militar estabeleceu a censura dentro das redações da imprensa. É desse período que trata o livro Veja sob Censura 1968 – 1976 (Editora: Jaboticaba).

O livro será lançado em São Paulo nesta segunda-feira (8), às 19 horas, na Livraria Cultura – Conjunto Nacional. A autora é Maria Fernanda Lopes Almeida, formada em História (USP) e Jornalismo (Fiam). Ela realizou um profundo trabalho de pesquisa, entrevistando desde Roberto Civita e Mino Carta, primeiro diretor de redação, até os jornalistas que nela trabalharam, como Luis Nassif, Tão Gomes Pinto, Hermano Henning, José Roberto Guzzo, entre vários outros que recuperam o clima da redação no período. Conta como se faziam as pautas, como surgiram as páginas amarelas.

Maria Fernanda descreve o nascimento e evolução de um sonho. Com entusiasmo e bons profissionais, a revista começava a descobrir seu caráter nacional através da cobertura política. Até que a censura passou a controlar os meios de comunicação — primeiro com bilhetinhos e telefonemas proibindo certos assuntos até chegar à repressão total.

Muitas vezes, os diretores da revista eram chamados a Brasília para responder questionários intimidantes e repetitivos. A mítica e odiada figura do censor — um funcionário público concursado — era uma sombra que habitava a redação. De caneta em punho, vetava a maioria das matérias, desde as políticas e econômicas, até as de arte e saúde.


Veja sob Censura traz as laudas censuradas e carimbadas, as famosas reportagens sobre as mortes de Zuzu Angel e Vladimir Herzog, as sinalizações que a revista utilizava para mostrar aos leitores que os trechos foram vetados. Recursos como imagens de anjos e demônios, a arvorezinha da Abril e espaços em branco. Era a luta pela sobrevivência da revista. A ditadura caiu em 1985. O bom jornalismo de Veja também morreu.

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