quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

'O direito à memória faz parte da construção da identidade de um povo'

Margarida Genevois - SOCIÓLOGA E PRES. DA COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ DE SÃO PAULO
O Estado de S.Paulo
Durante a Ditadura Militar o presidente Lula participou do lançamento do livro publicado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos e elaborado pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos.
Vê-lo solidário com a emoção de todos e, sobretudo, dos familiares das vítimas do regime militar, foi como se víssemos, também, uma porta que se abria para garantir o direito à memória e à verdade.
O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, afirmou que o presidente deveria terminar seu mandato com a liberação dos arquivos da ditadura. Deus o ouça!
Para nós, velhos combatentes dos direitos humanos, nada justifica a permanência da legislação que restringe o direito fundamental à informação, explícito em nossa Constituição sustentada em princípios republicanos e democráticos.
A alegação de "segurança do Estado" não pode sobrepor-se à exigência ética de respeito à dignidade da pessoa humana. O direito à memória faz parte da construção da identidade de um povo. Tirar das trevas os horrores da ditadura nos tornará mais fortes para impedir que eles se repitam. Temos um dever a cumprir com as vítimas e com as gerações futuras.
Na visão de Gandhi, as qualidades próprias do ser humano são a verdade, a justiça e o amor. Não haverá paz sem justiça. Não haverá justiça sem verdade. E o Evangelho completa: "conhecereis a verdade, ela vos libertará".

5 comentários:

Anônimo disse...

Estou escrevendo um trabalho sobre o AI-5. Sou professor universitário e acho imprescindível avivar a memória da atual geração sobre os horrores da ditadura no Brasil. Hoje, desmobilizados e apáticos politicamente, boa parte dos jovens não se interessam pela defesa da liberdade, dos direitos humanos e pelo aprofundamento da justiça social. Se não houver um senso de continuidade, parece vão o esforço e a luta cruenta da geração passada.

Anônimo disse...

no Rio de Janeiro, nos idos anos de 1973, alguns dos investigados pelo DOI-CODI, foram presos, por alguns dias,interrogados e agredidos covardemente, porém seus dossie, não foram encontrados após ardua pesquisas nos arquivos internos dentre os quais cito; Aliceu Crespo de Oliveira, José de Assis Ferreira, Cezar Cassimiro da Silva, Claudio da Silva Borges,e outros no anonimato.

Anônimo disse...

amigo, vi o meu nome e de outros companheiros da época em que erámos bombeiros militares, estou até supreso vê-los em um comentário.Na verdade fomos excluídos nos idos anos de 1973, através do boletim nº 59/73, onde diz "atentatório a segurança nacional, e práticas contra as instituições democráticas. Fomos vítimas desta farsa imposta na época, e posteriormente excluídos de um convênio que foi celebrado co a antiga Polícia Militar Fluminense, até hoje somos considerados como subversivos. Nossos nomes também consta em Boletim da Câmara dos Deputados, inclusive foi tema do discurso do honrado Deputado Pedro Wilson, Set/2009,enderessado ao AGERE. Cezar Cassimiro da Silva.

Anônimo disse...

O Rio de Janeiro, foi palco das arbitrariedades revolucionárias,muitos dos detidos e presos pelo DOI-CODI/RJ, tiveram seus dossiês destruídos, após sofrerem as mais trágicas barbáries.
Vi um detido sofrer uma tortura com banana de dinamite acesa e atada a sua boca com adesivo. O companheiro sofreu dois desmaios consecutivos, ante do estopim detonar foi retirada e jogada a uns dez metros de distância, ecrodindo e abrindo um enorme buraco no chão. Isto se deu em um sítio na area de Campo Grande, acho que era ali. Este agente foi vítima de um acidente na passagem de nível ferroviária nos anos de 1979/80, acho eu, notícia do jornal o Dia, foram quatro vítimas.

Cezar Cassimiro da Silva disse...

As marcas sofridas deixada no passado jamais se apagam.

"Em tempo de Tirania e injuatiça, quando a lei oprime o povo,o fora da lei assume o seu papel na história. Qualquer pensamento contrário a sua Tirania, é como erva daninha que deve ser arranacada do seu solo abençoado".