domingo, 16 de novembro de 2008

Aberta no Norte Shopping mostra sobre ditadura

DLuca/DN

O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, esteve na noite de ontem em Natal para abrir exposição fotográfica sobre a ditadura militar no Brasil. ‘‘Direito à memória e à verdade - A ditadura Militar no Brasil - 1964 - 1985’’ está aberta no Norte Shopping e permanece até o dia 7 de dezembro, quando seguirá para cidades do interior. O evento também contou com a presença do prefeito, Carlos Eduardo, e do coordenador do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), Roberto Monte.


‘‘É preciso conhecer o que o país tem de bom e o que tem de ruim. O Brasil teve três séculos e meio de trabalho escravo, por exemplo. Depois veio a ditadura, isso deixa marcas. Lembrar é necessário para que não se repita mais’’, declarou o ministro. Para ele, a exposição significa dar às pessoas o direito à memória, que é instrumento para a construção de um futuro melhor. ‘‘A democracia que temos hoje teve um alto preço. Lembrar disso traz mais confiança para avançar no que ainda falta melhorar, como a corrupção, grupos de extermínio e outros’’, disse.


As fotos revelam a história obscura do período em ordem cronológica. Desde o momento do golpe de estado até os comícios populares pelas Diretas Já. Entre um e outro, tanques militares em frente ao Congresso Nacional, passeatas estudantis, artistas exilados, resistência de grupos da sociedade civil, mortes, censuras de documentos, tortura e prisões. Entre as primeiras pessoas a visitarem a exposição, se ouvia frases como ‘‘olha o Chico como era novo’’ ou ‘‘meu pai falava de Médici’’. Frases de pessoas que, de alguma maneira, se reconhecem naquela história.


Entre elas, uma que de fato viveu e sobreviveu àqueles anos. Hoje presidente da Associação dos Anistiados Políticos do Rio Grande do Norte (ANAP/RN), Mery Medeiros da Silva ajudou a fundar o movimento Ligas Camponesas no estado, que acabou quando o golpe começou. Foi preso por três vezes. A primeira delas em 1965. ‘‘É muito emocionante e ao mesmo tempo muito duro relembrar essa história. Mas é necessário para a consolidação da democracia. Para que isso não se repita. É por isso que estamos aqui’’, falou Mery.


Segundo a curadora da exposição, Vera Rotta, as imagens foram reproduzidas a partir do acervo do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, de Brasília e do Senado Federal. A exposição está sendo realizada em diversas cidades do Brasil e exterior, como Buenos Aires, na Argentina, e Sevilha, na Espanha. ‘‘O Mercosul tem uma história muito parecida, então faremos um intercâmbio de mostras culturais. Já a Espanha tem um interesse grande nessa história porque eles também estão recuperando a deles’’, explicou Rotta.

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