segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Militares do Chile são treinados pelos EUA

por Michelle Amaral — Última modificação 06/11/2008 14:05
País sul-americano envia todos os anos mais de 100 soldados para a Escola das Américas

06/11/2008
Adital

Uma delegação do Observatório da Escola das Américas (SOA - sigla em inglês) inicia nesta quinta-feira (6) uma visita ao Chile para pedir ao governo que acabe com o envio de militares ao Instituto de Cooperação e Segurança do Hemisfério Ocidental, mais conhecido como a Escola das Américas. A visita da delegação segue até o dia 12 de novembro.

As organizações de direitos humanos afirmam que a Escola das Américas treinou os principais violadores dos direitos humanos. Até esta data, foram graduados 3.600 militares e o Chile envia mais de cem soldados todos os anos. Durante a visita, serão realizadas diversas atividades: protestos, oficinas, visitas a entidades e reuniões de organizações de direitos humanos.

A delegação do Observatório será formada pelo sacerdote e coordenador das Comunidades de Base na Nicarágua, o padre jesuíta José Mulligan, pelas religiosas Kathlenn Desautels e Maureen Newman, pela mestra pela paz, Judith Kelly, pela escritora Vera Loene, pela enfermeira Theresa Cameranesi, pela engenheira Rebecca Kanner, pela coordenadora da América Latina de SOA Watch, a socióloga Lisa Sullivan, e pelo documentarista Jonathan Tyman.

Nesta sexta-feira (7), as entidades se encontrarão com o ministro da Defesa, José Goñi, no Ministério da Defesa. Realizarão também um protesto em frente ao palácio de La Moneda. No dia 10, haverá a oficina "Educação para a paz" e uma visita à Assembléia Nacional de Direitos Humanos. No dia 11, estão previstos uma reunião com a Associação de Familiares de Detidos Desaparecidos e um encontro com Comunidades Cristãs.

A Escola das Américas foi criada em 1946 no Panamá e, em 1984, foi transferida para a Geórgia. Segundo o Observatório, milhares de latino-americanos foram torturados, violados, assassinados, desaparecidos, massacrados e obrigados a refugiar-se por soldados e oficiais treinados nessa Escola. Afirma também que os egressos dessa escola perseguem os educadores, organizadores de sindicatos, trabalhadores religiosos, líderes estudantis, pobres e camponeses.

A entidade ressalta ainda que, em seus mais de 60 anos de existência, a Escola das Américas treinou mais de 61 mil soldados latino-americanos em cursos como técnicas de combate, táticas de comando, inteligência militar e técnicas de tortura. De acordo com o Observatório, atualmente a Escola treina quase mil soldados e policiais a cada ano.

Outra acusação que pesa sobre a Escola é a participação no Plano Condor, uma coordenação dos militares do Cone Sul durante o período de ditaduras militares. A Doutrina de Segurança Nacional, adotada pelos exércitos latino-americanos, foi elaborada pelos Estados Unidos e propagada pela Escola, também chamada de "Escola de Assassinos". Desde os anos 90 nos Estados Unidos, o Observatório luta para acabar com este centro de treinamento militar.

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