sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Carlos Metralha Torturador

Camaradas, nesta quinta-feira, das 16h30 às 19h30, foi realizado um debate/seminário com os procuradores do Ministério Público, sobre a questão da Lei de Anistia, e o julgaento punição dos responsáveis pelos crimes de tortura, assassinato e ocultação de cadáveres durante a ditadura. Foi uma atividade extremamente importante e concorrida - creio que estavam presentes cerca de 150 a 200 pessoas, entre as quais muitos de nós.
O "bizarro" da situação: o senhor Carlinhos Metralha, tira/investigador da equpe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, estava pesente - do mesmo modo que esteve na terça-feira, acompanhando o ato que fizemos em frente ao Fórum onde estava sendo julgado o recurso do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, contra a ação movida pela família do Merlino.
No debate desta quinta-feira, ele chegou cedo e se sentou na segunda fileira, bem de frente para a mesa, que era composta pela doutora Eugênia Favero e pelo doutor Marlon Weinchert (do Ministério Público), pelo doutor Wagner (criminalista), e pelo nosso camarada Ivan Seixas. O Ivan foi o primeiro a falar e fez um brilhante e corajosa exposição por 20 minitos, durante os quais o senhor Metralha não parava de encará-lo. Ivan foi preciso e tranqüilo.
Falaram em seguida os demais mebros da mesa - exposições excelentes, a respeito da questão da Lei da Anistia, do/s processos de julgamento, da legislação das instâncias nacionais e internacionais a serem percorridas, etc. Quando abriram a palavra para perguntas e considerações da platéia (que estava lotada), o primeiro a se inscrever foi o senhor Metralha.
Sua primeira provocação foi pedir que o Ivan o apresentasse. O que o nosso camarada fez de uma meneira para que ninguém botasse defeito: com toda tranqüilidade, deu a ficha completa. À medida que o Ivan falava, o auditório entrava em espanto: a maioria não conhecia pessoalmente o senhor Metralha, e sequer imagiva que aquele senhor de cabelos brancos, terno escuro e gravata, placidamente sentado na sgunda fileira de ouvintes, fosse quem era.
Sua intervenção bateu em alguns pontos centrais, que tentarei resumir, mantendo ao máximo as expressões utilizadas:
1. Só se poderá falar em pacificação (ou democracia?) no Brasil, quando o Cabo Anselmo houver recobrado sua identidade. Segundo o senhor Metralha, seu amigo Anselmo (de quem é, literalmente, uma espécie de guarda-costa) vive clandestino, por que precisa de carteira de identidade (RG) que não lhe é concedida por que (sempre segundo o senhor Metralha) o único documento - certidão de nascimento - que prova a existência do senhor Metralha, está em poder da Marinha.
2. Que o Exército brasileiro já foi totalmente sucateado (a palavra não foi bem "sucateado", foi mais contundente, mas no momento não consigo recordar exatamente qual tenha sido), e que agora se pretendia desmoraliza-lo e à Forças Arnadas (não ficou explícito que era o responsável pelas duas ações que ele descrevia, mas certemente éramos nós, e todos ali presentes, além da esquerda em geral).
3. Como o doutor Wagner (que é da minha geração), em sua exposição, houvesse dito que foi da AP, o senhor Metralha fez questão de observar que ele e seus comparsas sabiam da existência dessa orgenização, e que sempre trataram bem seus militantes.
4. Que esteve infiltrado na VPR durante 3 anos, e que conhecia muito bem bem como agiam as nossas organizações. 5. Referindo-se ao marinheiro Edgard Aquino (desparecido), fez questão de dizer que ele (o senhor Metralha) comandou o setor de infiltrações da repressão, e que tem muita gente viva, muita gente que ele infiltrou que hoje vive clandestinamente por aí, etc. etc., numa insinuação canalha de que o Aquino era um infiltrado, bem como outros, os quais não nomeou.
Certamente falou outras barbaridades, das quais não lembro neste momento, mas que o Ivan e outros cumpas que estavam lá devem lembrar. O nossos camaradas foram exemplares: ninguém entrou nas provocações - nem os que usaram da palavra depois do tira. Os membros da mesa, idem.Apenas a nossa camarada Rose Nogueira começou a passar mal, mas se retirou discretamente por um tempo da sala, tendo voltado depois de alguns minutos.
Quando o doutor Marlon voltou a falar, convidou o senhor Metralha para procurá-lo, para que ele (na qualidade de membro do MP) recebesse a queixa e encaminhasse a questão de identidade do Cabo Anselmo. Foi brilhante e, quando acabou o debate, marcou com o senhor Metralha uma data para recebê-lo. Mas o senhor Metralha colocou mil e um obstáculos - creio que tentará não comparecer. Do início ao fim, o debatetotalmente gravado em vídeo por iniciativa do GTNM-SP. Bem, se temos gravado e colocado no nosso site do Brasil de Fato, toda a cerimônia (ou será falta de cerimônia?) de desagravo do Clube Militar, como poderíamos deixar de registrar esse debate? Bem, meus camaradas, resumidamente foi isto.
Putabraço,Alipio Freire

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