sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Coronel reformado é declarado torturador

Em 1972, um casal foi preso, interrogado e torturado no Doi-Codi. Na época, o comandante do Doi-Codi paulista era o hoje coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.

O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra foi declarado torturador nesta quinta pela Justiça. O coronel chefiou forças de repressão, em São Paulo, durante a ditadura militar. Em 1972, o professor mineiro César Teles era membro do Partido Comunista do Brasil, que estava proibido pelo governo militar. No dia 28 de dezembro, César e a mulher dele, Amélia, foram presos em São Paulo. Levados ao centro de interrogatório do Exército, o Doi-Codi, eles foram torturados. No dia seguinte, a equipe do Doi-Codi apanhou a cunhada e os filhos de César, de 4 e 5 anos e também os levou para a prisão. Na época, o comandante do Doi-Codi paulista era o hoje coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra. Faz três anos que a família Teles luta na Justiça para tentar responsabilizar o coronel Ustra pelo o que aconteceu naquela época. Nesta quinta, a Justiça paulista decidiu que o coronel Ustra causou danos morais à família através de tortura. É a primeira vez que um tribunal brasileiro responsabiliza civilmente uma pessoa por torturas cometidas durante o regime militar. “Não perdoarei, mas isso não se confunde com processo de vinganca. Isso é um desejo mais genérico de querer que haja justiça na humanidade”, disse o gráfico César Teles. A família Teles não pede indenização e se satisfaz com o peso moral da sentença. “O prioritário para nós era a apuração da verdade. E que houvesse o reconhecimento por parte da Justiça e da sociedade”, declarou Janaína Teles, filha de César. O advogado de Carlos Alberto Brilhante Ustra nega que seu cliente tenha cometido crime de tortura. Ele disse que vai recorrer. Segundo o advogado, provas da inocência de Ustra já foram incluídas no processo, entre elas, um atestado médico que comprovaria que o coronel estava hospitalizado numa das datas em que é acusado de ter torturado a família de César Teles.

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