sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Noite emocionante na premiação Vladimir Herzog no TUCA

29 de outubro de 2008





Foto: Nivaldo Silva
Grupo União e Olho Vivo abre a cerimônia com Hino Nacional em ritmo de samba

Cerca de 500 pessoas lotaram na noite de segunda-feira (27/10) o auditório do Tuca (Teatro da Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo para ver a entrega dos troféus do 30º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos e Especial ONU/60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foi uma confraternização emocionante que reuniu gerações de jornalistas brasileiros em uma cerimônia conduzida pelos colegas Heródoto Barbeiro, da rádio CBN, e Rose Nogueira, coordenadora do CONDEPE (Conselho Estadual de Defesa da Pessoa) e do Grupo Tortura Nunca Mais.

Abriu a cerimônia o grupo de teatro popular União e Olho Vivo, que executou o Hino Nacional em ritmo de samba. Foram feitas homenagens aos jornalistas já falecidos, casos de Perseu Abramo e Lourenço Diaféria – este morto em setembro deste ano ­- antecedendo a entrega dos troféus aos premiados em nove categorias (artes, fotografia, documentário de TV, rádio, revista, jornal, internet, reportagem de TV e livro reportagem). Veja a lista dos premiados aqui. Além do 30º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, o Sindicato também promoveu o 4º Prêmio Vladimir Herzog de Novos Talentos, voltado para estudantes de Jornalismo de São Paulo.

Compuseram a mesa o presidente do SJSP, Guto Camargo, o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo, o ministro Paulo de Tarso Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República; o vice-presidente da ABI, Audálio Dantas; o filho de Vladimir Herzog, Ivo; o ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Antonio Funari Filho; o presidente do Fórum Permanente de Ex-presos Políticos e Perseguidos, Pedro Martinelli; a diretora da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, Josephina Bacaricho; Fábio Canton Filho, representando a OAB-SP; deputado Arlindo Chinaglia (PT), presidente da Câmara; e Luiz Antônio Guimarães Marrey, secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, representando o governador José Serra.

Prêmio ONU: 60 anos

Em seguida foi realizada a cerimônia de entrega do Troféu Especial de Imprensa ONU: 60 anos da Declaração/Prêmios Vladimir Herzog - iniciativa do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com apoio de mais de uma dezena de entidades coordenadas pela Oboré – Projetos Especiais em Comunicações e Artes.

Nessa premiação, um júri formado por mais de 500 jornalistas que ao longo dos últimos 29 anos receberam o Prêmio Vladimir Herzog, decidiu homenagear pelo conjunto de seus trabalhos o jornalista e cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil, falecido em 1988, e os jornalistas Caco Barcellos, Ricardo Kotscho, Zuenir Ventura e José Hamilton Ribeiro.

Homenagem à família Teles

Ivan Seixas, do Fórum dos ex-presos e perseguidos políticos do Estado de São Paulo, fez homenagem à família Teles. Eles ganharam ação no Tribunal de Justiça de São Paulo que obriga o Estado a responsabilizar o comandante do DOI CODI de São Paulo entre 1970 e 1974, coronel reformado do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, pela série de torturas a que membros da família foram submetidos. O TJ de São Paulo decidiu, no início de outubro, que o pedido dos Teles é procedente. Também foi lembrado o caso do jornalista Luiz Eduardo Merlino, torturado e morto por agentes da repressão nas dependências do DOI-CODI em 1971, quando tinha apenas 23 anos. No caso Merlino, a ação na Justiça para responsabilizar o coronel pela tortura e morte do jornalista foi extinta sem que fosse julgado o mérito da questão. As entidades elaboraram um texto de desagravo que foi lido por Seixas.

Ministro critica posição da AGU

Durante a cerimônia de entrega dos prêmios, o ministro Vanucchi fez questão de colocar publicamente sua posição crítica diante do recente posicionamento da Advocacia Geral da União (AGU) a respeito da responsabilização dos crimes de tortura ocorridos durante a ditadura militar. “Nosso Governo, por determinação do próprio presidente Lula, tem desenvolvido uma série de ações voltadas para o direito à memória e à verdade. E a manifestação jurídica da Advocacia Geral da União (AGU), sem desqualificar ou condenar sua atribuição que é defender a União, evidentemente produziu uma peça que tem uma manifestação de posições que são inaceitáveis para os direitos humanos, que colidem com a posição minha, com a posição do Ministério da Justiça, de vários outros ministérios. Essa ambigüidade pode ocorrer num momento, mas ela tem de ser corrigida”, argumentou.

“Vou levar ao presidente a idéia de que isso tem de ser superado, com a unificação de uma posição clara. Quando a AGU tiver de fazer uma manifestação como essa, não pode adiantar pontos de vista, como dizer que a tortura é crime prescritivo, porque o Governo não tem posição sobre isso, e não cabe à AGU, em nome do Governo, tomar essa posição. Se não for possível corrigir isso, cumprida a minha tarefa de convencer, argumentar, ouvir com paciência e serenidade, evidentemente considerarei que na sociedade civil eu terei melhores condições de levar adiante essa luta do que lá”, concluiu o ministro.

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