sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Torturadores derretem diante da luz

Ministro Paulo Vannuchi

"Torturadores e repressores, como os vampiros, derretem diante da luz", afirmou o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, ao abrir na segunda-feira, à noite, o evento "1968 Vou Ver", no salão nobre do Centro Universitário Maria Antonia. "68 é um ano de muitos eventos e resgatá-lo é, sobretudo, resgatar a memória porque ela é elemento constitutivo essencial e indispensável dos povos", completou o ministro.

Vannuchi recordou os fatos marcantes de outubro daquele ano - a morte do estudante José Guimarães na batalha da rua Maria Antonia, e as prisões de mais de 700 pessoas no 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna. Outro fato lembrado pelo ministro foi o atentado ocorrido no Riocentro, em 30 de abril de 1981, quando a explosão de uma bomba matou o sargento Guilherme do Rosário, e feriu o capitão Wilson Machado.
A ditadura responsabilizou a esquerda pelo atentado, mas investigações posteriores, provaram que a bomba estava no colo do sargento e que os dois militares pretendiam colocá-la para explodir na casa de força do centro de convenções, onde se realizava um show comemorativo do 1º de maio reunindo milhares de pessoas.
A ditadura jamais admitiu ou aceitou que seus agentes fossem praticar o atentado. "No Brasil, ainda não foi feito esse resgate. As Forças Armadas ainda não foram capazes de, explicitamente, desautorizar aquela farsa e dizer que aquele inquérito, conduzido pelo coronel Job Lorena, foi uma farsa", destacou Vannuchi referindo-se ao IPM conduzido pelo coronel Job e que atribuiu à esquerda a autoria do atentado.
Vanucchi comentou que nunca é tarde para rever e reexaminar fatos como esse e frisou: "sem sentimento de retorno ao passado, nem de revanche, nem vingança. Mas a grande vingança e a grande punição é dar luz, jogar luz. Os torturadores e repressores, como os vampiros, derretem diante da luz".
O ministro também confirmou que segue no governo a discussão sobre a abertura dos arquivos da ditadura:"Houve uma reunião, não conclusiva, mas extremamente importante, convocada pelo presidente da República com os ministros da Defesa, da Justiça, da Casa Civil para discutirmos o encaminhamento de uma nova lei de arquivos, e a abertura dos existentes.
(..).Foi uma reunião positiva em que se afirmou, consensualmente, a idéia de que é preciso demonstrar, claramente, que o governo brasileiro apóia o esforço para localização de pessoas, e que terá de manter diálogo com os responsáveis por aquele período repressivo para que, de alguma maneira, ocorra pelo menos a localização de restos mortais de 140 brasileiros – cujas famílias não tiveram sequer o direito elementar de dar-lhes sepultura".
O evento "1968 Vou Ver" prossegue até o final desta semana no Centro Universitário Maria Antonia. Hoje se iniciam a mostra de filmes e documentários – entre eles "Hércules 56" de Silvio Da-Rin (14h00), e "Jango" de Silvio Tendler (18h00), e a mesa de debates "Nós vivemos" (20h00).

Nenhum comentário: