sexta-feira, 7 de novembro de 2008

CNBB diz que abertura dos arquivos da ditadura não pode ter restrições

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u449255.shtml

26/09/2008 - 14h14

RENATA GIRALDIda Folha Online, em Brasília

O presidente da CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil), dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou nesta sexta-feira que é necessário abrir os arquivos da ditadura para que os fatos ocorridos no período militar não caiam no esquecimento. Segundo o bispo, a revelação das informações contidas nesses documentos representará o "perdão verdadeiro e a reconciliação autêntica".

Ao contrário do que defendem setores do governo federal, o religioso é favorável que a abertura seja total sem restrições.

"Não podemos construir história acobertando fatos que fazem parte desta história. É assim que se revive e purifica a memória. Nós precisamos purificar a memória. E por isso precisamos trazer à tona fatos que mancharam a história. Mas para purificá-la [a alma] é preciso trazer à tona esses fatos", disse

Nesta sexta-feira o ministro interino Luís Paulo Teles Barreto (Justiça) afirmou que em poucos dias serão definidos os critérios para a abertura dos arquivos da ditadura. Mas ele avisou que documentos apontados como secretos e ultra-secretos serão preservados da revelação pública.
"Para que haja o perdão verdadeiro e a reconciliação autêntica, é preciso também que os fatos venham à tona e muita coisa do que ocorreu nos bastidores cruéis da tortura. É preciso que [esses fatos] sejam recordados e não se apaguem da memória", disse dom Lyrio Rocha.

Em seguida, o presidente da CNBB afirmou: "Para que se percebam responsabilidades e que se chegue a uma clareza maior, sobretudo, sobre os que foram torturados, mortos e depois, totalmente desaparecidos. [Este] é um outro capítulo que é preciso ser considerado".

Para dom Lyrio Rocha, a abertura dos arquivos vai colaborar para construção da história brasileira apesar de episódios tristes e dolorosos. "A abertura dos arquivos vai ajudar a elucidar muitas questões e trazer à lume essa página dolorosa e triste da história", disse ele.

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