Da EFE
Assunção, 31 out (EFE) - Documentos sobre perseguidos pela ditadura paraguaia e possivelmente de vítimas dos Governos militares do Cone Sul nas décadas de 1970 e 1980 foram encontrados hoje escondidos em um porão da antiga sede do Ministério do Interior em Assunção.
Os documentos, com fichas policiais e fotografias de detidos, foram descobertos após a demolição de vários muros de um porão do antigo edifício que abriga atualmente dependências do Ministério do Interior e do Conselho de Governadores do Paraguai.
As autoridades chegaram aos documentos com a colaboração do ativista paraguaio e Prêmio Nobel Alternativo da Paz 2002, Martín Almada, um dos perseguidos durante a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-89) no Paraguai.
Em 1992, Almada descobriu em um centro de torturas da ditadura em Assunção os chamados "Arquivos do Terror", que confirmaram a existência da chamada "Operação Condor", um acordo dos regimes militares de Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.
O pacto buscava eliminar e perseguir dissidentes políticos nas décadas de 1970 e 1980.
O ativista foi preso e torturado em reiteradas ocasiões durante o regime militar paraguaio, e sua esposa, Celestina Pérez, morreu como conseqüência das pressões psicológicas às quais foi submetida.
"Isto é parte da 'Operação Condor'. De novo, as vítimas encontram isto. Aqui foram jogados argentinos, brasileiros, chilenos, uruguaios", disse Almada hoje a jornalistas no local onde foram encontrados os novos documentos.
O ativista de direitos humanos explicou que a descoberta ocorreu na antiga sede do Ministério do Interior, onde nos porões operava uma "sala de torturas" para os opositores do regime 'stronista'.
Ele contou que chegaram até o porão onde estavam os documentos graças à informação dada há três meses por um soldado que esteve destacado nesse local na década de 1970.
"Concretamente, o que pude tocar foi em um prontuário dos detidos do Partido Comunista Paraguaio em 1970, onde figura data de detenção e tempo de detenção", indicou o governador do departamento de Misiones, Víctor Pereira. EFE
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