Mostra de fotos no Rio de Janeiro retoma cenas da repressão e da política dos anos mais duros da ditadura militar
Martha Mendonça
Martha Mendonça
Mais de duzentas fotografias – boa parte inédita – sobre o Ato Institucional número 5, expressão máxima da ditadura militar no Brasil, vão estar expostas no Centro Cultural da Caixa Econômica, no Rio de Janeiro, a partir desta segunda-feira, 25. Prestes a completar quarenta anos, o AI-5, assinado em 13 de dezembro de 1968, fechou o Congresso e deu ao regime poderes absolutos. As imagens deste período sombrio do país, quando os direitos humanos foram revogados, mostram a luta diária de quem ainda acreditava na democracia – a começar pelos profissionais que se arriscavam nas ruas à procura de uma fotografia que virasse denúncia ou ao menos fosse o retrato das injustiças. O grande trunfo da exposição são as fotos inéditas, algumas censuradas, outras que foram preteridas na hora da edição e ficaram perdidas nos arquivos de jornais como O Globo, Jornal do Brasil e Correio da manhã, de onde agora foram recuperadas. Há detalhes e novos ângulos do enterro do estudante Edson Luiz Lima Souto, em 30 de março de 1968, um ato que marcou o início do endurecimento dos militares. Os visitantes poderão ver ainda seqüências inteiras da organização do aparato militar em torno do Palácio Laranjeiras no dia em que foi assinado o AI-5. "Acreditamos que essa exposição seja essencial para mostrar ao público, especialmente ao mais jovem, parte da nossa história que não queremos de volta jamais”, diz a idealizadora e curadora da mostra, a jornalista Denise Assis.
A exposição é dividida em módulos. Já na abertura, o espaço "O Primeiro Tiro" mostra o funeral de Edson Luiz, que marcou o início de grandes manifestações contra a ditadura. O estudante secundarista foi morto pela Polícia Militar em um confronto no Rio de Janeiro. Depois, o espaço "A Gota d'Água" traz a íntegra do discurso do deputado Márcio Moreira Alves, convocando a população a boicotar o feriado de sete de setembro. A partir do ato em si, há mais quatro grandes blocos de imagens, também simbolizados por frases de canções da época: o primeiro, "A gente estancou de repente", tem fotografias da assinatura do ato, seguido de "Oh, Tristeza, me desculpe. Estou de malas prontas", como fotografias de seqüestros e troca de presos políticos. O terceiro, "Eu sumi na poeira das ruas", tem imagens de atentados e da guerrilha urbana. No último, "Você me prende vivo, eu escapo morto", o tema são as manifestações pela anistia e o comício das Diretas Já. O áudio do anúncio do AI-5 também estará disponível aos visitantes, assim como depoimentos dos fotógrafos Alberto Jacob, Hamilton Corrêa, Sebastião Marinho e Eurico Dantas, que contam histórias sobre o trabalho jornalístico nesse período, as dificuldades de cobertura das manifestações nas ruas e da presença dos censores nas redações. "Esse trabalho é uma homenagem a estes fotógrafos que eram os olhos do povo e foram caçados como ratos nas avenidas do Brasil", diz Denise. A exposição vai até 23 de dezembro e a entrada é franca.
A exposição é dividida em módulos. Já na abertura, o espaço "O Primeiro Tiro" mostra o funeral de Edson Luiz, que marcou o início de grandes manifestações contra a ditadura. O estudante secundarista foi morto pela Polícia Militar em um confronto no Rio de Janeiro. Depois, o espaço "A Gota d'Água" traz a íntegra do discurso do deputado Márcio Moreira Alves, convocando a população a boicotar o feriado de sete de setembro. A partir do ato em si, há mais quatro grandes blocos de imagens, também simbolizados por frases de canções da época: o primeiro, "A gente estancou de repente", tem fotografias da assinatura do ato, seguido de "Oh, Tristeza, me desculpe. Estou de malas prontas", como fotografias de seqüestros e troca de presos políticos. O terceiro, "Eu sumi na poeira das ruas", tem imagens de atentados e da guerrilha urbana. No último, "Você me prende vivo, eu escapo morto", o tema são as manifestações pela anistia e o comício das Diretas Já. O áudio do anúncio do AI-5 também estará disponível aos visitantes, assim como depoimentos dos fotógrafos Alberto Jacob, Hamilton Corrêa, Sebastião Marinho e Eurico Dantas, que contam histórias sobre o trabalho jornalístico nesse período, as dificuldades de cobertura das manifestações nas ruas e da presença dos censores nas redações. "Esse trabalho é uma homenagem a estes fotógrafos que eram os olhos do povo e foram caçados como ratos nas avenidas do Brasil", diz Denise. A exposição vai até 23 de dezembro e a entrada é franca.
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