sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CDHMP revê a ditadura

O Poti, segunda-feira, 26 de Outubro de 2008



Retratos de galpões escuros, tanques nas ruas e estudantes caminhando e cantando, no gerúndio ou não, histórias de horror e luta - uma Roda Viva de atrocidades. A revolução de duas décadas de ditadura militar no Brasil está exposta em telas e textos na Galeria de Arte da Fundação Capitania das Artes (Funcarte). São imagens de um Brasil que ainda sonha com a volta do irmão do Henfil; com tanta gente que partiu num rabo de foguete, como o bêbo e o equilibrista de João Bosco e Aldir Blanc. A exposição Direito à Memória e à Verdade: a ditadura no Brasil (1964-1985) pode ser conferida até 8 de novembro, das 8h às 17h e tem o projeto de rodar as principais cidades do Estado até o fim do ano. A exposição faz parte do projeto da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (Sedh/PR). Foi concebida originalmente, em agosto de 2006 no corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados, para comemorar os 27 anos da promulgação da Lei da Anistia no Brasil. Este ano, em parceria com a Fundação Luterana de Diaconia e Agência Livre Para Informação Cidadania e Educação, decidiu rodar o Brasil e fincar todo o material de forma permanente, também para comemorar os 60 anos da Declaração dos Direitos Universais. São painés de seis metros quadrados organizados em formato labiríntico no Salão de Funcarte. A vinda da exposição foi intermediada pelo Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP).


O coordenador do Comitê Estadual de Educação e Direitos Humanos (CEEDH) e um dos membros do CDHMP, Roberto Monte foi o responsável pela intermediação junto à Sedh e conseguiu trazer a exposição para o Rio Grande do Norte. Segundo Monte, foi feito contato com a coordenação do Norte Shopping para que a exposição seja levada à Zona Norte em dezembro. O coordenador do CEEDH também pretende contatar o diretor geral da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto para negociar a exposição da mostra em cidades com estrutura e espaço adequado para receber o material. ‘‘Nós queremos tornar a exposição itinerante. Começamos na Capitana das Artes, e depois pretendemos passar pela Zona Norte e por diversos municípios do Estado. A iniciativa pretende, através do conhecimento da história, impedir que esse tipo de violação dos direitos humanos se repita’’, conta Roberto Monte. A mostra tem ainda, segundo os organizadores, a intenção de atrair estudantes tanto da rede pública quanto da privada, para incentivar o conhecimento e entendimento deste período importante e trágico que ainda deixou feridas até hoje abertas na história do país. Entre as imagens dos painés, o visitante pode conferir algumas passagens como a primeira grande greve no ABC Paulista; a foto dos presos políticos (entre eles o ex-chefe da Casa Civil da presidência, José Direcu) requisitados em troca do embaixador americano sequestrado por revolucionários, tendo à frente o hoje candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira; também ofícios e documentos do departamento de censura com mandatos de boicote à obras e peças de artistas brasileiros; além de fotos de revolucionários assassinados como Mariguella e Lamarca.


SÉRGIO VILARDA EQUIPE DE O POTI

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