Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça, que ganhou notoriedade por exigir a localização dos corpos das vítimas do regime militar, guarda em seus armários há 12 anos ossadas de 10 guerrilheiros. Ex-combatentes da ditadura e parentes de mortos se queixam de que o grupo pouco faz para identificá-las. “Eles não fizeram nada, não fazem e não vão fazer”, protesta Danilo Carneiro, primeiro guerrilheiro preso e um dos 20 sobreviventes da guerrilha do Araguaia, ocorrida durante o regime militar. Entre 1996 e 2001, a comissão desenterrou restos de 12 corpos que poderiam ser de integrantes da guerrilha em cemitérios do Pará. Destes, dois foram enterrados novamente sem exame, em 2003, e os demais estão em caixas numa sala do ministério.Dos 63 guerrilheiros mortos, 10 ossadas estão em poder da Comissão de Mortos e Desaparecidos e 50, os especialistas estimam, nos “armários” das Forças Armadas. Apenas a guerrilheira Maria Lúcia Petit, morta em 1972, teve o corpo identificado. Luzia Reis, outra sobrevivente do Araguaia, afirma que falta vontade política. “Em vez de procurarem ossadas que estão longe, eles deveriam identificar as ossadas que estão nas suas mãos”, critica Luzia. “Eles devem identificar ou devolver para os túmulos essas ossadas, que tanto podem ser de guerrilheiros como de populares. É preciso ter respeito pelas pessoas, guerrilheiras ou não.”A assessoria de imprensa da Comissão de Mortos e Desaparecidos confirma que restos de ossadas de dez pessoas estão “acomodados em caixas próprias” no prédio do Ministério da Justiça. Segundo os assessores, os ossos não estão em bom estado e a demora na identificação se deve à dificuldade do processo de obtenção de informações genéticas. Alega ainda que o exame de DNA, mais eficiente, é uma tecnologia recente.
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